Entrevista com Geyme Lechner Mannes - Autora de "Meninas bonitas não são para casar"

Postado por Bia Carvalho

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Olá Pessoal!

Mais uma vez o Amor, Mistério e Sangue teve a oportunidade de entrevistar uma talentosíssima escritora nacional, a Geyme Lechner Mannes, e dessa vez com gostinho de exportação, pois ela mora na Alemanha!!!

O livro dela chama-se "Meninas bonitas não são para casar", e você pode saber mais sobre ele AQUI e AQUI.

Ai vão as respostas sinceras e simpáticas dela. Espero que gostem!


AMS: Oi Geyme, por favor, apresente seu livro "Meninas bonitas não são para casar".

GLM: O título do livro: Meninas bonitas não são pra casar, embora nos transmita a ideia de uma obra juvenil, é um romance cruel. Ambientado no Brasil, inicialmente em 1951, a obra gira em torno de Roberta, vítima de violência sexual, protagonizada pelo próprio pai.
Mulheres infelizes, traições e uma cultura extremamente machista dão vida à obra. Misturados a um enredo que retrata, posteriormente, a era Vargas (presidente e mentor de uma ditadura imposta ao Brasil na década de 40), o romance apresenta ainda, importantes aspectos dos costumes brasileiros, apimentados com uma dose de samba, bossa nova, corrupção e mulheres obsessivamente apaixonadas.
Roberta abre as portas do romance com a vida na cidade da Chapada diamantina, Bahia, 1951. Nesta cidade magnífica, as primeiras páginas retratam as crendices acerca do Candomblé, sonhos naufragados de adolescente, problemas familiares e as inúmeras dúvidas acerca do primeiro amor.
Roberta é uma jovem inteligente, porém tímida: Livros e fantasias preenchem o cotidiano de seus dias, envolvendo-nos nas interpretações e dúvidas da personagem, uma garota atípica, carente e solitária. Embora inexperiente e ainda muito infantil, comparada com outras meninas de sua idade, apaixona-se pelo rapaz mais cobiçado da cidade. Torna-se alvo da inveja de muitas garotas, inclusive da própria irmã. Ignorando a plateia que se volta contra ela, inicia um namoro promissor e é pedida em casamento alguns meses depois.
Convicta de haver encontrado felicidade naquela vida sem sentido, Roberta tem seu destino marcado pelas mãos do próprio pai.
Completamente embriagado numa noite qualquer, deslumbrado com a visão de uma filha cada vez mais parecida com a esposa que tanto o despreza, ele invade o quarto de Roberta sorrateiramente e a violenta com brutalidade. Em seus pensamentos, tem a certeza de não fazer nada errado, acredita piamente que “Deus a enviara às suas mãos, para reviver os tempos em que ele e a esposa eram felizes”:

“...Seja boazinha Cristina! Não me despreze mais, tudo vai ser como antes!”. Citando o nome da esposa nos ouvidos da filha, silenciando com mãos gigantes, a dor e o sofrimento da garota.

Fragilizada e ferida, ela relata o acontecido à mãe, diante da irmã e do próprio pai que a desmente. Esperançosa de apoio e compreensão, contrariando seus anseios, a mãe a expulsa de casa.

Roberta se vê forçada a abandonar o garoto que ama para recomeçar sua vida em outro lugar.
Rio de Janeiro, 1954. A menina inocente da Bahia é enterrada para dar lugar a uma escritora determinada e ao mesmo tempo, estranha. Novos relacionamentos que naufragam e infundadas tentativas de resgatar uma pessoa que um dia fora boa. Algo neste personagem perdeu-se para sempre. Roberta inicia uma relação perigosa com um homem envolvido na política de Vargas. O insucesso de uma tentativa de assassinato ao principal opositor do presidente, obriga-o a deixar o país às pressas.
Novamente sozinha, ela parte para cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, onde conhece Daniel, um homem dotado de uma beleza extraordinária e uma personalidade encantadora. Roberta enxerga nele, a chance para amar e construir uma vida menos solitária.
Após envolver-se completamente nessa relação, descobre que este galanteador por quem se apaixona é casado, e tanto Clara, a esposa traída, como Roberta, estarão dispostas as mais terríveis atrocidades para não perdê-lo.
Entre a loucura de duas mulheres apaixonadas, é lançado o veredicto de um belo homem.

AMS: Apesar do título bem leve do seu livro, a história é bem forte. Qual a principal mensagem que você deseja passar?

GLM: Tem muita gente esperando encontrar um manual com dicas ou explicações na minha obra, do porque as belas não casam! A princípio o título do livro era: “Anjos em pecado”, eu particularmente, acho que tem mais a ver com a obra, mas na época, meu agente literário pediu para pensar em algo novo e depois de “quebrar a cabeça”, “Meninas bonitas não são para casar” acabou agradando a plateia. Gostei pelo contraste do título com a capa rosinha, parece um livro para meninas, mas o leitor precisa ler a sinopse antes, para entender o porque tem indicação para maiores de 16 anos! Acredito que a mensagem principal do livro é que nem todo romance tem final feliz e que as vezes sonhos são apenas sonhos (como na vida real), nascem e morrem, e nem sempre os tornamos reais. Queria narrar a tragedia daqueles que vivem por amor e sonhos, mas de uma forma que fizesse o leitor se encontrar na história, passagens que os fizessem pensar: “Poxa, conheço alguém que fez isso...”, ou, “conheço alguém assim”, ou ainda, “Poderia ter sido diferente...” Problemas familiares escuto e vejo aos milhões por aí, desavenças, intrigas, ciumes, inveja... Embora na vida real fujamos deles, na ficção (seja em um livro ou novela), nosso interesse maior é geralmente pelo vilão... Quando é tudo cor de rosa, a história perde a graça! No meu livro, por exemplo, rosa é só a capa, rsrsrs.

AMS: De onde surgiu a ideia de usar fatos históricos como a ditadura como pano de fundo?

GLM: Queria retratar paisagens e algum acontecimento no romance, mas sem mexer demasiado com política que não é minha área. Getúlio Vargas foi uma figura interessante em nossa história, pelo paradoxo de ter sido ele um ditador e ao mesmo tempo “o pai dos pobres”. Meu intuito foi dar uma pincelada e colocar um dos meus personagens como protagonista do atentado na rua Toneleiros. Quem leu, sabe que a historia se dá ao redor de Daniel e Roberta, o ex presidente surge tao rápido quanto desaparece, mas como a obra acontece na mesma década, ficou em plano de fundo.

AMS: Para você, que tem viajado e que mora fora, qual a maior diferença entre o mercado literário Europeu e o Brasileiro?

GLM: Acredito que as editoras no Brasil estão sobrecarregadas de manuscritos de novos autores, vejo o mercado brasileiro muito fechado e omisso, enquanto os novos escritores, esperançosos de terem suas obras publicadas. Vou citar um exemplo (quem leu outras entrevistas, já sabe): Na feira mundial de livros em Frankfurt do ano passado, fomos super bem recebidos por todas editoras as quais apresentamos meu livro, o único arrogante que não se deu ao trabalho de falar conosco foi o fulano dono da Cia das letras. Enquanto estava no Brasil, meio livro ficou encadernado na estante da minha sala solitário, todos diziam que era impossível publicar e das editoras que encaminhei o original, apenas uma teve a decência de responder (negando publicação evidentemente, rsrsr). Aqui o mercado é mais aberto, as oportunidades aparecem com pouco esforço (desde que você tenha um bom trabalho a mostrar, isso é fato). Em oito meses, vivendo na Alemanha, já recebi um convite para escrever artigos em espanhol para um jornal, entrevistas em revistas, rádios (apesar que não gosto de me “propagandear” ao vivo), e finalmente, em breve terei contrato com uma editora na Áustria, que ainda não posso divulgar, mas posso dizer que o layout do livro, o final e o título mudarão, mas dessa vez, definitivo.

AMS: Quando foi que você começou a escrever? E de lá para cá, o que mudou em sua escrita?

GLM: Comecei a escrever quando era pequena, brincando! Não sabia que um dia esse “caldo daria peixe”, mas o projeto real de ser escritora nasceu com “Meninas bonitas não são para casar”. Após ler tantos livros maravilhosos pensava nos meus próprios finais, queria mudar caminhos, cenas e resolvi tentar escrever minha própria obra e testar essa capacidade. Escrevi muito, antes de ter meu primeiro livro (Tive outros primeiros livros que não vingaram, foram apenas “começos” de algo inacabado), fiz várias tentativas quando descobri meu próprio estilo, e podem me chamar de convencida, rsrsr, mas gostei do resultado! A minha escrita enriqueceu muito, português, gramatica, concordância... Nosso idioma é mega complicado, mas sempre foi minha matéria preferida no colégio e na faculdade! E daí por diante não parei, este livro rosinha tem quase quinhentas páginas!!!

AMS: O que é essencial, na sua opinião, para um livro ser imperdível?

GLM: Uma historia atual, envolvente, interessante, gosto muito da temática: Ser humano! Com tramas, relações perigosas, intrigas, sentimentos exacerbados, possíveis de acontecer a qualquer um de nós!

AMS: Qual você acha que é o tamanho da responsabilidade, hoje em dia, de se escrever um romance no meio de tantos lançamentos "sobrenaturais"?

GLM: Olha, vou dizer uma coisa com toda sinceridade, tem muito “lixo” no mercado e assim como tem muito escritor bom sem oportunidade, existe muita gente que se considera autor, vendendo as historias repetidas que fazem sucesso por aí, “copiando” personagens exitosos, enquanto há tanta coisa nova por ser escrita. Livros de auto-ajuda por exemplo, pipocaram no mercado, eu, afirmo categoricamente que essa não é minha praia... Acho que a responsabilidade é grande quando trabalhamos num romance: pessoas, situações, ambientes, a ideia deve ser atraente para que as pessoas possam acreditar nela, imaginar, sonhar... Vender uma ideia é vender parte de si, são horas, meses, anos de trabalho empregados para terceiros que ao final, podem idolatrar a mesma ou, repudiá-la.

AMS: Deixe uma mensagem para os leitores do blog.

GLM: Foi um prazer participar desse blog que é tao cultural!! Espero que os leitores leiam o livro e possamos em breve, trocar novos comentários!! Beijos a todos!!!

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Geyme, o prazer foi todo meu!!!

Bjs a todos!!

4 comentários:

Floripa testemunhou...

Gente, ela é linda e o livro é demais!!!! Já li e recomendo, a Geyme ademais de ser simpatisíssima é uma autora de primeira estirpe!!!! Parabéns ao blog!!!!!!!!!!

Felina Mulher testemunhou...

Gostei da entrevista, realmente o título nos dá uma outra impressão do conteúdo.Fiquei interessado em ter um exemplar.Já encontramos em livraria?


Um beijo

La Sorcière testemunhou...

Caraca!
Pelo título, estava esperando um chick lit, mas não tem nada a ver!! O tema é super pesado!

Brigiet Marie testemunhou...

Nossa, fiquei babando!!!!!!!!! Eu quero!! Teremos alguma promo do livro por aqui?????? Beijos!!!

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